Publicado em: 22, set. 2022
Combinando a sétima arte com práticas educativas, a programação do XVIII Congresso Internacional de Tecnologia na Educação foi aberta com Cine Debates no Recife e em Caruaru, na manhã desta quinta-feira (22). Em Caruaru, a explanação foi conduzida pelo diretor de cinema Juliano Dornelles e, no Recife, a atividade seguiu com participação de Adriana Fresquet e Tuca Siqueira.
No auditório lotado do Centro de Convenções do Senac, em Caruaru, o roteirista e diretor Juliano Dornelles comentou sobre o seu longa “Bacurau” e respondeu às perguntas realizadas pelos congressistas.
Sob os olhares atentos da plateia, Dornelles falou sobre as transformações que estão acontecendo na produção audiovisual que ele vê como positiva. A diversidade, a representatividade, a produção no interior pernambucano e o streaming foram apontados como mudanças importantes para o cinema no Brasil. “Hoje é possível produzir cinema em Pernambuco. Negros e negras estão sendo bem representados no cinema hoje”, destacou o cineasta. Para ele, é preciso debater para preservar não só o audiovisual, mas a arte como um todo, porque “arte é o que faz a gente ser diferente de bicho”, disse.
Juliano Dornelles, desde 2004, desenvolve projetos audiovisuais em parcerias. Kleber Mendonça Filho, Daniel Bandeira, Marcelo Pedroso e Leonardo Lacca são alguns exemplos. Seu longa “Bacurau”, resultado de parceria com Kleber Mendonça Filho, venceu Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2019. Atualmente, está desenvolvendo dois projetos: “O Ateliê da Rua do Brum”, em fase de pós-produção, e o roteiro de “The Blue Island”.
Cinema e educação – Por meio do Cine debate “A imaginação e a memória no gesto de ver e fazer filmes”, foi apresentada aos congressistas do Recife uma sequência de produções audiovisuais elaboradas por crianças e adolescentes da comunidade indígena de Quico, pertencentes à Escuela Adolfo Lopéz Mateo, no Peru.
Os filmes, que mostraram com ilustrações e encenações, elementos do folclore, culinária, fauna e flora da região, acenderam a discussão sobre o uso do cinema dentro da metodologia de ensino. Após a exibição das produções peruanas, a professora e especialista em Educação Adriana Fresquet, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), promoveu reflexão aprofundada a respeito dessa importância do processo de ensino-aprendizagem adquirido por meio das produções audiovisuais nas escolas, e dos métodos para institucionalizar a prática nas redes de ensino. “O cinema tem muito a contribuir no ensino, pois promove o exercício de observação da realidade e, automaticamente, induz os indivíduos a pensarem propostas para transformar as realidades observadas. Ou seja, atividades como essas, quando são implementadas nas escolas, incentivam crianças e adolescentes a serem cada vez mais protagonistas em nossa sociedade”, pontuou Adriana.
No cine debate conduzido pela roteirista e diretora de cinema pernambucana Tuca Siqueira, os congressistas do Recife assistiram ao longa metragem Amores de Chumbo, dirigido por ela. A história cita relações familiares, história, política, o amor na maturidade e memória. Tuca diz que acredita nos educadores como seres revolucionários. “Penso que as aulas podem ter outros recursos didáticos que não sejam só os tradicionais. Arte, educação e o recurso da linguagem do cinema podem estar juntos para contribuir para a formação e para a pesquisa do educador”, pontua.
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