Em sua palestra, o pedagogo espanhol enfatizou que a qualidade de vida, tanto dos professores quanto dos alunos, precisa ser o foco principal das instituições de ensino.
Na manhã desta quinta-feira (21), o pedagogo espanhol Miguel Zabalza aportou na capital pernambucana para falar sobre os “Aspectos Fundamentais para uma Educação de Qualidade”, durante a XIX edição do Congresso Internacional de Tecnologia na Educação (CITE). Miguel, que possui um largo currículo como professor e doutor em Psicologia pela Universidade Complutense de Madrid (UCM), pesquisador atuante na área de Didática Geral, Currículo, Educação Infantil e Educação Universitária e membro colaborador de Agências para a Avaliação da Qualidade do Ensino Universitário (Galícia, Castilla-León, Catalunha, Ilhas Canárias e País Basco), trouxe para o público uma visão humanizada da escola, como ferramenta de apropriação e vivência dos alunos e professores, focando mais no convívio e troca de conhecimento mútuo do que na padronização de uma escola focada em apenas repassar o conteúdo da sua grade curricular.
Miguel Zabalza afirma que tanto o professor quanto o aluno acabam vivendo muito tempo de suas vidas dentro de uma escola e, por causa disso, muitas vezes o aluno acaba indo, quase que no automático, apenas para aprender, e não para viver aquela realidade escolar com todas as suas características, aprendendo e absorvendo conhecimento a partir daquele convívio.
“Uma escola ou uma universidade é um lugar onde os professores vão ensinar e os estudantes vão aprender. E então, é como se isso já definisse que uma escola é um lugar muito funcional, onde a nossa tarefa é apenas ensinar e a tarefa dos estudantes é apenas aprender. Porém, essa mentalidade é muito insuficiente.”, afirma o pedagogo que completa. “E por isso, quando falamos de educação de qualidade, não falamos da qualidade das escolas e sim na qualidade de vida. E essa qualidade de vida não é apenas quando o professor ou professora ensina bem, mesmo não se vivendo bem naquele ambiente escolar. Quando um professor está satisfeito e feliz com a escola e está transparecendo isso na educação e no comprometimento com o aprendizado de seus alunos, a escola, enquanto instituição, precisa gratificar esse trabalhador por todo o seu trabalho. Tanto porque se uma pessoa vai à escola e se sente mal dentro dela, é muito difícil que ela seja um bom professor. E se uma criança vai à escola e também se sente mal naquele ambiente, é muito difícil que acabe sendo um bom estudante.”, finalizou Zabalza.
Para Smith Caloni, professor do estado de Pernambuco, participante da palestra, o momento foi de troca de aprendizado e familiarização com a realidade de outros países, já que para ele o que levou a escolher a palestra de Miguel Zabalza foi justamente ele ser de outro país. “Para essa palestra especificamente eu queria ver qual é o olhar de alguém de fora. Então eu decidi procurar um pesquisador que vem de outro país para ver qual é a ideia que a gente pode ter em relação a essas questões de tecnologia e ensino de alguém que vem de outro contexto cultural basicamente. Fiquei feliz com o que pude ver hoje. Acho que não é muito diferente do que a gente tem aqui de modo geral, mas foi bom viver essa experiência que eu não tinha. Então no caso deles a gente conseguiu ter uma noção de que todo mundo está com os mesmos problemas e existem as mesmas formas de reflexão para superá-las.”, afirmou Caloni.
