O ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e atual diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves, participou, nesta sexta (23/09), do último dia de debates do XIV Congresso Internacional de Tecnologia na Educação. Numa palestra sobre o impacto da qualidade do ensino médio sobre o ensino superior, ele destacou como é importante que os dois modelos conversem. De acordo com o professor, é preciso fazer modificações no formato educacional para melhorar o ensino no país e a valorização do profissional da educação é a principal arma para que isso aconteça.
Mozart avaliou e reconheceu o crescimento do acesso à universidade nos últimos anos, o que, segundo ele, possibilitou um grande avanço para o brasileiro dentro do campo de pesquisas e mercado. Contudo, observou que a quantidade de evasão no ensino superior continuou a mesma, porque a forma de ensino da graduação não foi modificada. “A média de abandono do ensino médio e superior no Brasil é de 700 mil estudantes por ano. São gastos 3,2 milhões com alunos remanescentes”, disse.
Segundo o professor, o ensino médio já começou a ser modificado. Está ficando mais atraente e possibilitando ao estudante maior capacidade de escolha e acesso a diferentes tipos de conhecimento na escola. E revelou que já está sendo comprovada uma menor taxa de evasão nas escolas integrais de referência. “O mundo não precisa apenas de pessoas bem formadas, mas também de cidadania e ética”, disse Mozart ao determinar o principal patamar na educação a seu ver: a busca e conquista da felicidade para o indivíduo. A escola entraria nesse contexto para ajudar o aluno a encontrar o caminho para aplicar o conhecimento adquirido.
Para Mozart, o conhecimento básico das disciplinas do ensino médio possibilita seu convívio em sociedade, mas não é necessária a especificação em determinados temas. Ele apoia o direcionamento do aluno para decisões com relação a seus interesses. Assim, seria definida uma base específica para o 3° e último ano do ensino médio, por exemplo, e o estudante não precisaria ter sociologia em todos os anos. A decisão de se aprofundar na matéria seria uma escolha pessoal dele.
A partir dessa ideia, Mozart concluiu que a universidade também deveria adotar métodos que possibilitem a interdisciplinaridade na graduação e diminua o ensino engessado que perdura desde a criação do ensino superior no país. “As 10 principais profissões deste ano não existiam em 2004. Elas nasceram da mescla de conhecimento adquirido e aprimorado com o uso de tecnologias”, explicou.
Reconhecimento dos profissionais – O educador defendeu ainda a formação do professor dialogando com a situação escolar, didática e interdisciplinar, focada no interesse e necessidades do estudante. E ressaltou a valorização do professor para garantir o contínuo avanço da educação no país. “Um professor mal pago e com um plano de carreira estagnado se desestimula em relação à profissão e pode levar esse desestímulo a seus alunos”.
Pilares para efetividade de um ensino de qualidade:
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