Inovação Educacional e Tecnológica em destaque: XIX Congresso Internacional de Tecnologia na Educação reúne especialistas de todo o Brasil

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    Inovação Educacional e Tecnológica em destaque: XIX Congresso Internacional de Tecnologia na Educação reúne especialistas de todo o Brasil

    Professores, gestores e demais profissionais da área estarão reunidos até sexta-feira (22) para o debate sobre o cenário educacional

    Teve início nesta quarta-feira (20) o XIX Congresso Internacional de Tecnologia na Educação (CITE). O evento ocorre de forma simultânea no Recife, em Caruaru e Petrolina, além de ter uma programação virtual exclusiva. Professores, gestores e demais profissionais da área estarão reunidos até sexta-feira (22) para o debate sobre o cenário educacional. O congresso é uma realização do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Pernambuco, com apoio do Senac e do Sesc Nacional, do Sebrae Pernambuco, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

    O primeiro dia do evento contou com cinco palestras simultâneas nas três cidades, mas com um tema único: “Estratégias de Futuro e Cultura da Inovação na Educação: Experiências Partilhadas”. No Recife, participaram Clara Cecchini, professora da Fundação Dom Cabral; André Neves, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e Mabuse H.D., professor de filosofia, designer e artista visual. Já em Caruaru, o palestrante foi Luciano Meira, professor da UFPE, e em Petrolina a professora Leila Ribeiro, da Universidade de Brasília (UNB).

    Durante sua apresentação, Clara Cecchini falou dos desafios na educação e das oportunidades trazidas pela tecnologia. “Quando a gente está diante de tantas possibilidades, de fazer inovações fantásticas, tem muito estímulo para roubar nossa atenção”, afirmou. Segundo ela, existem hoje “pepinos” que estão atrapalhando a vida dos educadores, como a personalização e à performance.

    “A personalização é a gente dar para o aluno tudo que ele precisa, segundo os meus objetivos, preferências e necessidades. ‘Eu sou a medida de todas as coisas’. Essa personalização está sugando a nossa atenção como se isso esgotasse a discussão. Isso é muito problemático. A pergunta é: como aprender para criar um futuro desejável para todos?”, explicou a palestrante.

    Já a performance, segundo Clara, é querer buscar o caminho mais curto para ter sucesso. “Existe hoje essa questão super transacional: eu vou aprender isso para ganhar aquilo. Só que esse pensamento é também bastante enganoso e não é suficiente para formar pessoas. O caminho é de aprendizado, mas não é aquele dentro de uma flecha. O problema não é a performance. É o foco exclusivo nela. É fundamental investir nas habilidades que não mudam e que são a base para seguir aprendendo”, pontuou.

    O professor da UFPE, André Neves, abordou em sua palestra a inteligência artificial e individual e a necessidade de se reinventarem juntas. De acordo com ele, muitos educadores insistem em viver no passado, mantendo a sala de aula dentro dos moldes tradicionais. “É preciso mudar e a inteligência artificial vai chegar para todo mundo e não podemos nos omitir a discutir isso. Precisamos enxergá-la como aliada e o papel do professor é questionar e levar o aluno a pensar e a refletir sobre a utilização desses artifícios”, ressaltou.

    Segundo André, é preciso entender que existe a interdependência entre as inteligências: a individual, social e artificial e essa interação é uma construção de um conhecimento novo e coletivo. “A IA precisa ser vista como mais um aluno e ser usada de forma responsável e segura. O novo não faz medo e precisamos aprender a viver com isso”, orientou. Para ele, é preciso ser sustentável e descobrir o que é melhor para o professor. “Ganhamos um aliado e precisamos olhar para a IA sem ter medo”, destacou.

    Enquanto as duas palestras aconteciam na Faculdade Senac, o professor de filosofia Mabuse H.D. comandava outro encontro, desta vez no prédio do Senac Pernambuco. Durante sua apresentação, ele mergulhou em três conceitos que norteiam as discussões do Congresso: Futuro, Tecnologia e Educação. “O que é futuro?”, ele questionou aos participantes. “Futuro como a gente entende é uma invenção do século XX no Ocidente. Não é uma coisa que sempre existiu. É uma cristalização de uma noção que vem da modernidade, dos séculos XVI e XVII, de uma crença que está causando vários problemas para nós”, argumentou.

    Para falar do conceito de tecnologia, Mabuse introduziu o autor Álvaro Pereira Pinto. “Ele tem uma visão muito crítica do conceito de tecnologia. Primeiro tirando toda a moralidade da coisa. Porque é uma armadilha, que é o que estamos vendo com o ChatGPT. O mais danoso seja você tratar a tecnologia como uma entidade. A tecnologia não é uma entidade. As pessoas é que usam a tecnologia, criam tudo”, declarou. Quanto à educação, Mabuse falou do conceito da manualidade. “A ideia de que o aprendizado é o uso do que está na mão para modificar a realidade”.

    INTERIOR – Em Caruaru, o primeiro dia do XIX Congresso Internacional de Tecnologia na Educação (CITE) contou com a palestra do professor Luciano Meira. Durante o evento, ele trouxe a necessidade de mudar a cultura escolar. “Inovação na educação se constrói a partir de pequenas mudanças de comportamento e de cultura nos ambientes educacionais com vistas a uma transformação digital”, explicou. 

    Para Luciano Meira, essas mudanças passam pela necessidade em ter um arranjo social-didático baseado em colaboração, autonomia, significado e avaliação por competência. E por onde começar essa transformação? O palestrante defende que é por meio de criação de relações. “Eu acredito que é na construção de relações entre os agentes da comunidade educacional, em particular, relações afetivas e intelectuais entre professores e estudantes”, reforçou.

    Segundo ele, o diálogo é uma fonte estruturadora de novas práticas didáticas. E ele exemplificou com uma escola de pública do Distrito Federal, que triplicou os índices do Ideb depois que a gestora adquiriu um sofá para conversar. Ela convidou a comunidade escolar, empresários, instituições e associações do bairro onde funcionava a escola para trocar ideias. Com o exemplo, ele reforçou que uma rede de conversação é a base para qualquer sistema de inovação. 

    Já em Petrolina, o XIX CITE contou com palestra da professora Leila Ribeiro, doutora em Ciência da Informação, mestre em Design e Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília (UNB). Com uma abordagem sobre atitudes inovadoras diante das tecnologias, ela destacou como a inteligência artificial, a realidade virtual e outras tecnologias emergentes implicam na prática educacional. 

    “Estamos vivendo as tecnologias emergentes no mesmo grau em que estão acontecendo. Temos que trazer isso para nossa realidade, observando como isso impacta nosso dia a dia na sala de aula, pensando em um processo onde a gente sai da aprendizagem linear: onde eu aprendo uso, descarto e transformo, para ao modelo circular: onde aprendo, desaprendo e reaprendo”, disse Leila. 

    A professora ainda comentou a importância da experimentação pessoal das tecnologias emergentes para poder aprimorar métodos de ensino e proporcionar uma experiência educacional mais dinâmica. “Se a gente não partir desse momento pessoal de experimentação, de inovações, de tentar quebrar o status quo, de tentar coisas diferentes, sempre estaremos no mesmo lugar”, defendeu.

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