A deputada estadual de Pernambuco Gleide Ângelo, mais uma vez, trouxe grandes reflexões sobre o tema do feminicídio, ontem (10/03), na FacSenac. Na ocasião, ela conversou com os alunos e o público em geral sobre empoderamento feminino, violência psicológica e a importância de se denunciar os agressores e buscar soluções para evitar crimes contra a mulher.
A delegada licenciada ressaltou que para mudar a cultura do machismo é preciso educar as crianças desde cedo e ensinar que todos têm o mesmo direito. Ao longo do encontro, ela citou vários casos vividos ao longo de seus 15 anos como delegada. Ela destaca que ninguém nasce machista. Homens e mulheres aprendem a ser machistas desde pequenos, relativizando uma cultura que desvaloriza e diminui a mulher. “Não adianta somente empoderar as mulheres, mas também os homens, para que saibam respeitar as mulheres”, alerta Gleide.
A deputada destacou que a população feminina precisa ser mais unida e explica que essa é uma luta contra o agressor e a favor da sociedade. Que não devemos nos calar e omitir diante da agressão do vizinho à sua mulher, da sua amiga ou de um familiar. É preciso denunciar. “Cada vez que uma mulher denuncia seu agressor, sua história fortalece outra mulher. Você tem que viver com alguém que te respeite. A grande dificuldade é dar o primeiro passo. A luta das mulheres não tem mais volta. É uma luta de todos. A gente quer liberdade de escolha. O problema de violência doméstica não se resolve com a polícia, mas com a mudança de cultura. Estamos perpetuando o machismo, o patriarcado. Precisamos educar nossos filhos de maneira igual, com os mesmos direitos e deveres”, pontua Gleide.
A aluna Soraia Botelho, de Gestão de Negócios, comenta que a ação foi muito importante, principalmente para as mulheres que sofrem violência silenciosa, que teoricamente não machuca, não tem agressão física, mas acaba com o ser humano, por ser psicológica. “Quando você se diminui e deixa o outro diminuir você, é porque você não se conhece e se deixa levar pelo entendimento do outro, colocando a chave da sua felicidade na mão de outra pessoa. Quando a gente vem para uma palestra e começa a pensar no assunto, já é um passo. Quando escutamos um depoimento que nos faz refletir e perceber o que está acontecendo conosco, enxergamos caminhos para acabar com o ciclo de violência que hoje é muito naturalizado”. O aluno Jamilton Carlos ficou muito satisfeito com o evento e destaca que é muito importante ter este tipo de projeto, pois leva as pessoas a refletirem. “Os homens precisam mudar esse padrão. E vale ressaltar que a educação tem que começar de berço, para aprender que ninguém é dono de ninguém e os direitos são iguais. No meu ponto de vista, a Lei Maria da Penha foi um grande avanço contra o feminicídio”.
A professora dos cursos de Administração e Gestão de RH da Faculdade Senac, Carol Tucunduva, foi uma das que pensaram o projeto de trazer a delegada para proferir a palestra. Ela expõe que a ideia, a princípio, é trazer nomes de pessoas importantes que possam trazer contribuições relevantes para os estudantes. “O encontro foi importante para conscientizar não só as mulheres, mas a sociedade como um todo, inclusive os homens. O feminicídio só acontece porque as mulheres permitem e os homens praticam. Se a sociedade está conscientizada, isso tende a diminuir e nos levar a ter uma sociedade mais justa, com direitos iguais sendo praticados e com menos violência”.