Com um dia inteiro dedicado ao universo da moda, o Dia de Moda Senac começou na manhã desta terça-feira (31), no Centro de Convenções do Senac Caruaru, marcado pela descontração do painel As Insta Celebs e o Poder da Influência. O bate papo contou com a presença da personal stylist Dady Parra; a consultora de moda Jacque Tamboo; a blogueira plus size Yasmin Ruama, a blogueira Mônica Mariquinha; a coordenadora pedagógica do curso Design de Moda da Faculdade Senac Pernambuco; e o consultor Kássio Lopes. O debate foi mediado por Ana Cione, consultora de moda e egressa do curso de Moda do Senac Caruaru.
De maneira geral, os participantes comentaram sobre a importância dos digital influencers para a moda, pontuando o lado positivo e negativo da exposição nas mídias sociais, onde todo mundo quer ser visto e ser mais importante que outras pessoas. O consenso geral dos participantes foi de que há todo um glamour em cima das redes sociais, pouco conhecimento e conteúdo irrelevante, onde muito se copia e pouco se cria. Os especialistas comentaram que está faltando identidade, planejamento e um trabalho sério, que não vise apenas ao lucro, mas a informação e respeito às marcas ás quais são trabalhadas e divulgadas.
Atuando na blogosfera desde 2007, Dady Parra comentou que hoje todo mundo quer ser um influencer, mas oferece pouco diferencial. “Antigamente, antes de existir ferramentas como Instagram, Snapchat e Facebook, as blogueiras se preocupavam mais com a informação que era passada. Tudo era feito com mais cuidado e planejamento. Hoje há muita exposição e pouco a se dizer”, expõe.
Jacque Tamboo coloca que a ansiedade de criar o instantâneo, o novo faz com que não se tenha mais tempo de pesquisar. “Tenho pavor do look do dia. Eu torço para que o Instagram volte a ser o que era antes, e que as pessoas parem de se expor em troca de likes. Precisamos desconstruir e trazer as pessoas de volta para a informação. Elas se acostumaram ao raso. Ninguém quer mais se aprofundar. Virou algo sem identidade. As meninas são todas iguais. Quem quiser trabalhar com isso tem que pensar e planejar o que posta”. Kássio Lopes comunga do pensamento de Jacque e avalia que não são apenas os digital influencers que estão rasos e, sim, o ser humano de maneira geral.
Dady escreve para diversos veículos e diz que não se considera uma pessoa que faz moda. “Eu informo o que eu vejo nas revistas, mostro tendências e aquilo que acredito que seja interessante dentro deste universo. Contudo, observo que o Instagram está mais voltado ao ego. As pessoas querem se mostrar melhores que as outras, querem likes e mostrar o look do dia. Isso também é importante, mas não é só isso”, comenta.
A personal stylist acrescenta que foi feita uma pesquisa, e se chegou à conclusão que as meninas não querem mais repetir roupas no Instagram, pois elas sentem vergonha. “Gente, roupa não é para jogar fora. Onde estamos? Isso é muito triste e não condiz com realidade. É possível montar vários looks com as mesmas peças e fazer o diferente durante a semana inteira”. Jacque Tamboo salienta que há meninas que estão falidas aos 16 anos, só porque não querem repetir roupas. “Roupa não é descartável”, alerta, Jacque.
Já a blogueira plus size, Yasmin Ruama, frisa que as pessoas, atualmente, criam um perfil e já se acham influenciadoras. “Há muita ilusão nesse universo. É preciso levar esse trabalho a sério, influenciar de forma correta, e não ser mais um. Se estou ali naquele veículo, é porque tenho algo relevante para mostrar”. Yasmin cita o caso do segmento plus size, que ainda pode ser muito explorado pelo mercado de moda, porém, ainda existem muitos padrões e é pouco explorado.
Kássio diz que, antigamente, tudo que aparecia nas novelas, no dia seguinte a gente copiava e fazia igual. “Precisamos de mais pessoas sinceras e honestas no mercado”, acentua. Ele dispara que há falta de informação, tudo é superficial. “Precisamos desconstruir. E fazer um novo modelo de negócio. Quanto mais experiência, mais informação, mais você atrai seu público. Precisamos parar de copiar a e colar apenas”, comenta Kássio. E ele avalia que as meninas precisam ter uma referência, e que não vê problema em se copiar e se inspirar. “Mas é preciso construir uma identidade, falar a linguagem do público e da geração que quer atrair. Moda é boa quando movimenta economia, e não só o ego”, assinala.
O consultor diz que as marcas devem vender emoções e fazer diferente. “Promova um encontro com seus clientes, divulgue esse encontro e crie uma experiência de marca. Chame-as para experimentar, sentir e se emocionar. A experiência vivida jamais será esquecida, agrega mais valor à marca e vai marcar a vida delas para sempre”.
A coordenadora Daniela Vasconcelos analisa que a maioria das pessoas acham que fazer moda é fotografar e sair por aí postando. “Moda envolve muito estudo e conhecimento. Não é fácil desenvolver um produto de moda, ela está em constante transformação. O desafio de criar hoje é muito maior. Há uma relação muito mais simbólica, pois somos muito influenciáveis”, ressalta.
Com relação às tendências, Daniela ressaltou o fato de muita gente hoje estar comprando moda pela internet, e tem o prazer de ver a caixinha da marca chegando em sua casa. Muita gente está usando as redes como uma alternativa econômica, como uma forma de driblar a crise. Neste sentido, as redes sociais têm seu lado positivo. E ela aponta que apesar desta tendência, ainda há muito cliente conservador, que gosta de entrar na loja, experimentar a roupa e comprar na hora.