Ainda na manhã de hoje (22), no XV Congresso de Tecnologia na Educação, o doutor em saúde mental e pesquisador em Psiquiatria na infância pela UFF, Jairo Werner, falou sobre as “Habilidades tecnológicas e socioafetivas: o papel da família e da escola na busca do equilíbrio”. Inicialmente, ele apontou dados de crianças de três a cinco anos relacionados à tecnologia e às habilidades cognitivas. O mais alarmante foi que 66% dos pequenos já operam jogos de computador, mas apenas 14% sabem amarrar os próprios sapatos. “O que a gente tem que pensar é nas peculiaridades da infância, porque hoje estamos antecipando uma série de coisas adultas às crianças”, disse.
Em geral, as habilidades tecnologias têm ocupado mais espaço no plano cerebral que as habilidades sociais. “O cérebro está se estruturando de outra forma e o nosso desafio é não permitir que esse desenvolvimento aconteça apenas para um tipo de habilidade, gerando um desequilíbrio”, disse.
Werner falou sobre uma pesquisa que foi publicada recentemente nos Estados Unidos, que aponta que a maturidade de um jovem de 20 anos hoje é equivalente à de um adolescente de 15 anos nos anos 80. E afirmou: “nós estamos tendo um retardo nos desenvolvimentos socioafetivos”.
A professora Rute Marques viu a palestra como um momento para reflexão. “Essas questões são avisos tanto em relação aos nossos filhos, quanto sobre os alunos que demonstram comportamento estranho em sala de aula. Precisamos ter cuidado sobre o uso exagerado da tecnologia, porque todos nós estamos propensos a cair nessa cilada”, falou. Já para as docentes Cíntia Mendes e Fabiana Neves, o momento abriu os olhos para a realidade. “Vai nos ajudar a trabalhar com os alunos que a gente tem; inclusive, alguns dos exemplos que ele deu foram parecidos com os de estudantes com que nós já trabalhamos em sala de aula”, disse Mendes. “Levou-nos a desenvolver um novo olhar sobre o tema e sobre esses alunos”, completou Neves.