O conhecimento em contextos formais e não formais de aprendizagem foi o tema central da palestra de Kleber Fernando Rodrigues, professor do IFPE Campus Pesqueira, durante o XX Congresso Internacional de Inovação na Educação, realizado na manhã desta sexta-feira (20).
Em sua apresentação, Kleber defendeu a importância de construir o que ele chamou de “diálogos fraternos” entre os saberes científicos e os saberes não formais, promovendo uma reflexão sobre a complementaridade entre diferentes formas de conhecimento.
“Os saberes construídos das comunidades indígenas, das comunidades quilombolas e das comunidades ribeirinhas, por exemplo, assim como o conhecimento do pescador, do agricultor e do apicultor, têm, através da oralidade e da observação da natureza, um conjunto de saberes que são úteis para a humanidade”, afirmou Kleber.
O professor argumentou que não deve haver competição entre esses saberes humanos. Em vez disso, ele defendeu um princípio de fraternidade e solidariedade, onde diferentes formas de conhecimento se complementam. “Esses saberes são construídos em diferentes lugares, mas não são superiores nem inferiores, são apenas diferentes.”
Segundo Kleber, a universidade pode aprender com os saberes não formais, assim como estes podem se beneficiar do conhecimento acadêmico. “No momento em que esse diálogo se constrói, um novo conhecimento mais humano pode emergir, para solucionar, talvez, grandes problemas que a humanidade enfrenta, seja do ponto de vista do meio ambiente, das relações de poder, das questões éticas e das questões existenciais de toda a humanidade.”
Quem também participou da palestra foi o indígena Vilmar Leandro, membro da comunidade Xukuru de Ororubá. Recém-formado em Física pelo IFPE Campus Pesqueira, Vilmar foi aluno de Kleber e foi convidado por ele para mostrar que um indígena, trazendo toda a sua ancestralidade, consegue dialogar de forma plena com a cientificidade e esta com os saberes não formais.
“A experiência no Congresso foi enriquecedora. Tanto para trazer a etnoastronomia e a etnomatemática, quanto para mostrar que o conhecimento formal é importantíssimo”, afirmou. “A gente não pode deixar à margem o conhecimento não formal, o conhecimento empírico de um povo ou dos povos que vivem nesse país”, finalizou Vilmar.