Atualmente, a inclusão de pessoas com deficiência visual ainda é um desafio. No intuito de conscientizar a sociedade sobre o tema, hoje, 4 de janeiro, é celebrado o Dia Mundial do Braile. A data é muito significativa para a comunidade dos cegos, e é uma homenagem ao nascimento do criador do Sistema Braile, o francês Louis Braille, e foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2018.
A data é uma forma de reconhecer a importância dessa linguagem para a realização dos direitos humanos e liberdades fundamentais, pois o Braile é uma alternativa para que pessoas cegas possam entrar em contato com a escrita e leitura, e ter acesso aos livros. Trata-se de um sistema de impressão de pontos com relevo, cuja leitura é feita através dos dedos. Dados da Organização Mundial de saúde (OMS) mostram que há no mundo cerca de 36 milhões de pessoas cegas. No Brasil, o último Censo do IBGE, em 2010, aponta que cerca de 6,5 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência visual, sendo 528.624 pessoas incapazes de enxergar, são cegas.
O Senac reconhece a importância da inclusão social de pessoas com algum tipo de deficiência, incluindo as com deficiência visual. De forma geral, a instituição agrega ações e iniciativas que visam facilitar a vida destas pessoas, desde a inclusão de alunos com deficiências diversas em seus cursos, à sinalização em Braile em suas instalações, onde já foi iniciado no novo Edifício Alberto Theóphilo Braga, da Faculdade Senac no Recife.
A supervisora psicopedagógica do Senac, Cássia Monteiro, diz que o Sistema Braille se torna um recurso adequado e necessário para o aprendiz com deficiência visual desenvolver sua autonomia no processo de aprendizagem. “A linguagem potencializa suas capacidades, seus interesses, projetos e realizações como agente transformador da sociedade”, destaca. Aluno do curso de Inglês, do Senac Petrolina, o servidor público e revisor de textos em Braile, Milton Carvalho, acredita que o Braile é fundamental na educação e no processo de aprendizagem, seja na alfabetização ou aprendizado de uma língua estrangeira, como é o seu caso.
“Acredito que a data de hoje é de suma importância para que a sociedade enxergue que, pessoas com deficiência, são pessoas comuns, que estudam e trabalham. É muito importante para a comunidade dos cegos”, diz Milton.
Por fim, Milton elogia o curso de Inglês do Senac e diz que foi surpreendido pela qualidade e por todo o suporte de aprendizagem dado, de acordo com a sua necessidade específica. Ele destaca que o material recebido do Senac é todo digitalizado, e optou por este formato porque faz uso de um dispositivo que converte o texto em áudio ou em Braile, através de um equipamento chamado Linha Braile.
“Recebo todo o apoio necessário da coordenação e do meu instrutor para o estudo do idioma. A dificuldade ainda é com alguns livros, que possuem muitas imagens, mas o instrutor do curso descreve todas elas para mim, facilitando a minha compreensão”. Infelizmente, a dificuldade de Milton é a mesma para muitas outras pessoas cegas. O fato pode ser constatado através da União Mundial de Cegos, que expõe que apenas 5% dos livros, em todo o mundo, são transcritos para esta linguagem.