Nos últimos décadas a Finlândia se tornou referência mundial em sistema educacional
A qualidade da educação de um país está relacionada diretamente a valorização do professor. Só dessa forma é possível provocar uma revolução no sistema de ensino. “A valorização dos docentes é o mais importante. É bizarro uma sociedade que dá tanta importância para políticos, advogados, médicos. No futuro, essas profissões poderão ser substituídas pela tecnologia. Professores cuidam do futuro da sociedade e nunca serão substituídos por nenhuma tecnologia”, afirmou o professor e mestre em Ciências Sociais, o finlandês Jarkko Wicksttöm. A afirmação foi feita na palestra “Sistema Educacional na Finlândia”, nesta sexta (20/09), durante o Congresso de Tecnologia na Educação, realizado pela primeira vez em Caruaru.
Mas, como foi que o país mais pobre da Europa no século passado conseguiu, em apenas 100 anos de independência do império russo, se transformar no líder mundial do ranking Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA)? A virada, segundo ele, se deu com uma simples resposta: educação. A partir dessa definição foi possível investir na formação dos professores. Antes de entrar na faculdade, os futuros mestres passam por um rigoroso processo de seleção, que avalia não só a questão das notas, mas a competência e o desejo dos jovens de vir a se tornar um professor. São eles que vão ajudar a formar a sociedade finlandesa.
“O truque é a formação dos futuros docentes. Todos saem das faculdades com mestrado para, só assim, poderem entrar numa sala de aula do Ensino Básico”, explica. Com o fim da segunda guerra mundial, a população se reuniu para criar um projeto único de país, centrado na qualidade do sistema educacional. Mudanças que foram se consolidando com o passar das décadas. A Finlândia foi o primeiro país do mundo a implantar a merenda escolar. No final da década de 1960, foram implantadas as novas leis de Educação Básica e de Base Curricular.
Porém o grande salto se deu nos anos 1970, com a grande reforma do sistema educacional finlandês, que valorizava ainda mais a figura do professor. “Investimos forte na formação. Com professores com mestrado, com linhas de pesquisa que podiam ser aplicadas nas salas de aula. Tem de se aliar a bagagem teórica com a prática. Todo o segredo da transformação acontece na sala de aula”, afirma. De dez em dez anos, o sistema educacional passa por uma revisão, para se manter atualizado. O país acredita que o objetivo do ensino não é a memorização de conteúdo, mas sim o desenvolvimento do ser humano.
Mas, esse modelo finlandês pode ser implantado num país com as proporções do Brasil ou só funciona em pequenos países? “Não faz diferença se a cidade ou o estado ou o país é pequeno ou grande. Dá para se replicar a nossa metodologia em qualquer lugar. Nosso sistema educacional está centrado na base”, ressalta. Para ele, não existe uma metodologia finlandesa, mas sim uma abordagem diferente, que está centrada no aluno, nas necessidades dos estudantes. Toda a informação e aprendizagem é baseada na percepção do aluno. “As crianças não estão prontas. A responsabilidade do sistema educacional é dar toda a base para a melhor formação desses alunos/crianças”.