Como parte integrante de um trabalho para avaliação, alunos do curso de Gastronomia da Faculdade Senac realizaram o bate-papo “Milheto: do campo à mesa”, com a pesquisadora, engenheira de alimentos e professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Amanda Dias Martins. Ela falou sobre o milheto e sua importância na alimentação, bem como os estudo que realizou sobre os potenciais processamentos dos grãos de milheto.
Amanda realizou a pesquisa sobre o milheto durante o doutorado em Tecnologia de Cereais, cuja tese está vinculada ao Programa de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFRRJ, em parceria com a Embrapa Agroindústria de alimentos. Amanda conta que, no Brasil, o milheto é cultivado há mais de 50 anos, sendo utilizado apenas para cobertura de solo e alimentação animal. O País é o terceiro que mais publica sobre o assunto, no campo agronomia. Há estimativas de que a área plantada desta cultura seja de, aproximadamente, cinco milhões de hectares, equivalendo comparativamente, ao estado do Rio de Janeiro. Para quem não conhece, o milheto ou millet é o “irmão” do painço, porém é mais nutritivo. O milheto é o sexto cereal mais produzido no mundo, e é a base da alimentação de populações da Índia e África, e já é consumido há cerca de dez mil anos”.
A pesquisadora explica que há várias espécies de milheto, sendo as mais conhecidas: Pearl millet, Proso Millet, Finger Millet, Foxtail millet, Little Millet e Kodo Millet. Mundialmente, a espécie mais produzida é a pearl millet. Já o Brasil produz duas espécies: o painço ou proso millet, e o pearl millet , conhecida como milheto ou milheto–pérola, devido aos seus grãos terem formato perolado, o qual foi o foco da pesquisadora.
Os estudos apontaram que, em comparação a cereais como arroz, milho e sorgo, o milheto tem menos carboidratos e maior teor proteico. E, em relação aos grãos que contém glúten, como trigo, centeio e cevada, ele tem menos teor de proteínas e fibras alimentares. “Com isso, torna-se uma opção nutritiva e interessante para ser acrescentada na alimentação de alérgicos e intolerantes ao glúten”, diz Amanda. Em 2016, ela apresentou sua pesquisa para Congresso Internacional de Nutrição Especializada & Expo sem Glúten (Coine), levando o segundo lugar do prêmio “Alessio Fasano”. “Isso me deu a oportunidade de conhecer alérgicos e celíacos, o que me incentivou a seguir em frente com a pesquisa”.
Ela explica ainda que o milheto pode ser consumido de maneira similar ao arroz, quinoa, entre outros, podendo ser utilizado na elaboração de um couscous marroquino, só que sem glúten. Os resultados da pesquisa ainda mostraram a possibilidade de consumo em forma de minipipocas, assim como a produção de farinhas para elaboração de snacks, que foi o motivo pessoal que a fez pesquisar, além de massas, pães e bolos. “O tempo de cocção é semelhante ao do arroz, seja integral ou polido: cerca de 30 minutos”, ressalta.